quinta-feira, 30 de julho de 2009

a tempestade

foi mais ou menos assim. uma novela de televisão. um casamento arranjado. negócio de família. machado de assis escreveu com palavras mais bonitas sobre isso, diga-se de passagem. donzela. bonita. sim. mocinho. desprotegido. demais. mais que o esperado. mais do que o diretor havia pedido. fato foi que quando a outra moça aportou, o casamento já havia se dado. próspero não conseguira segurar ariel por mais uns dias. o anjo não operou no destino dela. alguém havia decidido que a moça deveria rumar pra outros ventos. sempre os ventos. a moça é folha. seca, não. folha. mas não tem parentes próximos. nem amigos importantes. parece que não lhe interessa. não lhe interessa onde anda caliban. tampouco quer saber do livro dos jogos. diz que quer amar. livre. e só.

quarta-feira, 15 de julho de 2009


foto de antônia domingues

diante da bifurcação, o menino e a menina resolveram descer da bicicleta. a menina sentia falta das cores, da mão do menino segurando a sua em seu caminho de flores. mas, lá na frente, estava o sol. sem saber bem porque, a menina sentia que detrás do sol estaria de novo o arco-íris. sentia que, por onde quer que o menino decidisse caminhar, ele também encontraria seu arco-íris. sorriu, lembrando que do alto o pássaro olhava por eles. olhou pra frente. dessa vez não viu as mesmas coisas que o menino via. mas viu o sol de muito perto. e viu o vento. respirou, mirou a última montanha e decidiu levar seu véu para voar.
como tecer a trama quando os fios nos escapam?

quarta-feira, 1 de julho de 2009

meu lamento, imperatriz

a ventania foi-se, como brisa leve.
passou em fogo
queimando as flores do barba azul,
tombou sequóias,
girou estrela.
na sagrada primavera,
fechou os olhos e correu deserto afora.
ontem caiu. de tanto viver.