sexta-feira, 21 de maio de 2010

eu, geminiana, sempre tive dificuldade com caminhos. não me lembro dos trajetos, provavelmente pra não ter que escolher. nos últimos tempos, tive ao meu lado o navegador. deixei-me ser levada, queria conhecer todos aqueles caminhos que ele me mostrava. desejava descobrir com ele os caminhos. mas perdi a guia. acostumei-me. mal. bem ou mal. ontem uma curva tortuosa nos separou. perdida em uma cegueira sem fim, vi-me presa no engarrafamento. olhava para o lado e sentia sua presença no banco vazio. mas ele não estava. há tempos ele não estava. eu não estava. o carro andava só e desgovernado. cuidado. faltou. não tinha as pernas pra sair. mas queria caminhar. estava livre para desvelar por mim o que haveria pela frente. estava presa. e só. engarrafada em mim. em um eu que desconheço. em um caminho do qual tenho medo. o navegador não estava para mapear comigo o melhor rumo a se tomar. ele já havia escolhido. e eu, desaprendi a navegar. agora fico pensando em como é possível descobrir junto qual é a rua com saída. fico pensando que o navegador é a gente. é sempre a gente. penso nas corridas ganhas, nas perdidas. parecia tão justo... parecia que não importava quem navegasse, percorreríamos juntos. pareceu. o cão farejador também não está mais. hoje comemoro pela vigésima nona vez as vidas. e sinto uma saudade sem fim do que não percorri. fico com as noites perdidas pra ganhar os dias navegando. navegador mandou presente. ausente.
ana foi-se. há tempos. sem maçã, sem espelho e sem saudade.