quinta-feira, 2 de abril de 2009

o que vai e o que fica

confiança.
cabeçada.
a maçã de ana incha-se.
ai, ana!
muitas dores.
calafrios.
a boca, um fel só.
banhos de cama, anti-inflamatórios, corticóides e antibióticos.
restam vidas?
restam dores?
restam laços?
restam ossos?
doem os ossos.
a lombar não se aguenta.
as visitas chegam
tarde.
tarde é o tempo da cura.
grande é o cansaço.
ana ainda quer o vento
e corre
(sufocada)
sem poder se levantar.
ana invoca a concentração.
há dias seus olhos não se fixam.
ana tem agora a face desfigurada.
sorri, quando sorri, de um lado só.
como prosseguir?
pode ana?
vai ana!
ritornello!
ana afoga-se no ofurô de batom, sopa de abóbora e brisa
e continua sua infinita e inadiável perseguição.
ana dança silenciosamente.
ana deseja o vento.
e ela o tem... sim! eles se têm!
aos trancos, cabeçadas, contratempos, tempestades e anacruses,
ana leva, dia após dia, seu véu para voar.

3 comentários: