Nos dias de janeiro descubro um bom para 21.
Avisto ao longe
o movimento dos barcos e vejo por lá o ponto de origem.
A deriva se mostra repentinamente
no bater das ondas.
Na armação, ponto de contemplar baleia, banho n’água o doce
e o sal.
Com o vento da bicicleta e todo o sol e verde da ilha,
revisito 10
anos e a meninada que brotou disso.
Estou longe. Longe de tudo que um dia
conheci. Perto do dia que corre,
da lagoa que vejo agora do alto da montanha.
Penso na origem, ouço um pouco do que ficou esboçado;
a apagar-se.
Fico pensando
se a memória para de pulsar
em algum momento da vida. Porque o corpo repete
aquele aperto quente
quando encontra algum rastro do que agora ele é.
A cigarra
anuncia que o dia pode se pôr.
Já passam das 8 e ele ainda clareia a varanda,
apesar de toda a mata
que nos cobre aqui no canto da lagoa. Restam frangipanis
de outras terras e o barulho do motor do barco.
Alguém aportará em instantes,
sabe-se lá onde.
Caída a noite, seguiremos para mais uma missão do máximo
prazer possível.
São dez dias no
tempo do tempo. 10 passos além dali.
De todos os Dalis. O cachorro late de cima
do telhado e o vento
norte não assusta tanto quanto o sul. Susto é bom.
Garupa de
moto pode ser tão bom quanto andar a cavalo. Pode?
Não ando a cavalo há tempos.
Há tempos sigo desejante
do encontro com o torno e o barro.
Há tempos espero,
como se estivesse caminhando.
Agora parece que caminho, na corrente do vento.
Ai, um respiro. Ai. Ai. Ai.
Um respiro no
aperto que vem quando cai o dia.
Um respiro na alegria e nos encontros.
Um silêncio
que me deixa pertencer-me.
Pertenço-me e vejo chegar a lua. Assim, em
instantes.
Saudades e saúdes estiveram hoje no mesmo prato de feijão com caipirinha.
A cerâmica estala no forno.
Uma peça antiga precisa sair para outra
entrar. Entrar ar.
Entra. Entrará.
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