domingo, 1 de janeiro de 2012

pentimento

dentro d'água
as lembranças guardadas
na caixa
perdiam a transparência
do ciano
e o magenta
da carne.
amarelavam.
perdiam a nitidez
em cada detalhe solvido em mar.

assim, podia-se escolher a lente
pela qual convinha olhar o passado.
podia-se lançar mão do calor da piscina,
da pinta no rosto da mãe.
podia-se reconstruir a memória futura,
afogar a palavra antiga,
rasgar a carta nunca lida.

podia-se escrever
cada cor da composição
com o amarelo.
podia-se refazer o velho.
o novo de novo de novo de novo todo novo.
mas ainda assim, escolheu-se
borrar do cinza do esboço
o ontem no dia de hoje.

2 comentários: